Koellreutter

Um pouco de Koellreutter

 

Carlos Kater 

"Aprendo com o aluno o que ensinar. São três preceitos: 1) não há valores absolutos, só relativos; 2) não há coisa errada em arte; o importante é inventar o novo; 3) não acredite em nada que o professor disser, em nada que você ler e em nada que você pensar; pergunte sempre o por quê."

Hans-Joachim Koellreutter é sem dúvida um dos mais destacados personagens da história da música e da educação musical brasileira do séc.XX. Seu nome está indissoluvelmente ligado à música nova e às problemáticas estéticas, cientificas e filosóficas de sua contemporaneidade. Ele foi responsável por um conjunto de iniciativas que marcaram nossa vida musical e cultural por mais de meio século (notadamente de 1939 a 2000).

Koellreutter

Entre as suas muitas contribuições pode-se mencionar sucintamente:

  • Criador e diretor do movimento “Música Viva” (1939-50), introduzindo a musica atonal-dodecafônica no Brasil, considerada então a música nova de sua época;

  • Mentor de uma escola de composição de música nova;

  • Instaurador da “Segunda Fase da Modernidade Musical Brasileira”;

  • Idealizador e diretor do primeiro programa radiofônico especialmente dedicado à musica no Brasil (programa “Musica Viva”, PRA-2, Rádio Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro);

  • Fundador de várias importantes escolas, entre elas a Escola Livre de Música de São Paulo e a Escola de Musica da Bahia (que se transformou apos na Escola de Música e Artes Cênicas da UFBA);

  • Introdutor dos Cursos de Férias no Brasil (Teresópolis/RJ, Janeiro de 1950);

Alemão, nascido em Freiburg, a 2 de setembro de 1915, filho de Emma Maria e do médico Wilhelm Heinrich, aluno de composição de Paul Hindemith, de flauta de Gustav Scheck e Marcel Moise e discípulo de Hermann Scherchen. Koellreutter desembarcou no Rio de Janeiro a 16 de novembro de 1937 onde se exilou, após ter sido denunciado à Gestapo nazista pela própria família.

No Brasil realizou seu primeiro recital de flauta e ministrou seu primeiro curso em 1938 no Conservatório Mineiro de Música. Criou, à imagem do movimento de Hermann Scherchen na Europa, o “Música Viva” brasileiro, em 1939 no Rio de Janeiro, em 1944 em São Paulo. Foi contemporâneo de Stravinsky, Copland, Dalapiccolla, Eisler, Nono, Maderna, Stockhausen e também de Lorenzo Fernândez, Villa-Lobos, Arnaldo Estrella, Camargo Guarnieri e... Mario de Andrade.

Desde muito cedo, já em suas primeiras palestras ao chegar no Brasil, Koellreutter expressou a importância de um compromisso visceral por parte do artista com as problemáticas próprias de seu tempo e do papel fundamental do músico criador na transformação da sociedade, princípios que sustentou ao longo de toda a sua vida.[1]

O carisma pessoal, o empenho na busca do novo e o rigor de pensamento, foram algumas das características cujos traços se percebem inicialmente no movimento Música Viva e que em seguida perpassam suas iniciativas posteriores, tanto no Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Tatuí, etc.), quanto no exterior (Bombaim, na Índia e Tóquio, no Japão, por exemplo).

Entre as metas visadas por ele encontram-se:

“...despertar o interesse pelos problemas de expressão e interpretação da linguagem musical de nosso tempo” /.../ “...participar ativamente da evolução do espírito e combater o desinteresse completo pela criação contemporânea que reina entre nós por parte do público como também por parte dos profissionais.” [RJ, 20/12/1944]

Um dos mais instigantes educadores musicais do século XX, tornou-se reconhecido como o “Professor de Música do Brasil” pela imensa quantidade de alunos que formou e pessoas que assistiram os seus cursos ou palestras.

Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Fortaleza... na realidade, em praticamente todas as capitais do país encontramos músicos profissionais, amadores ou simples interessados em musica sobre os quais suas ideias geraram um profundo estímulo e que assim redimensionaram decisivamente sua relação com a arte mediante a divisa... “antes e depois de Koellreutter”.

Destacam-se entre seus alunos representantes do cenário musical nacional de várias décadas e gerações: Guerra-Peixe, Cláudio Santoro, Edino Krieger, Eunice Katunda (que constituíram o “Grupo de Compositores Música Viva”), Roberto Schnorrenberg, Damiano Cozzella, Benito Juarez, Esther Scliar, Tom Jobim, Tom Zé, Isaac Karabtchevsky, Gaia, Moacir Santos, Severino Araújo, assim como de geração mais recente, Tim Rescala, Tato Taborda, Sérgio Villafranca, Teca Alencar, Chico Mello, Regina Porto, Rogério Vasconcelos, Rubner de Abreu, Nelson Salomé, Emanuel Pimenta, Antônio Carlos Cunha, entre inúmeros outros.

Com sua maneira clara, direta e incisiva, Koellreutter afirma criticamente no texto O ensino da música num mundo modificado [2]:

“Os cursos de música na Universidade, que têm por objetivo formar jovens para atividades profissionais, para as quais não há mercado de trabalho na vida nacional, são um desperdício, vãos e inúteis.”

“O risco, o experimento, a negação das regras inveteradas e caducas são elementos essenciais da atividade artística. O passado é um meio e um recurso, de maneira nenhuma um dever. O futuro, porém, é.”

Como um arquiteto do espírito humano, ele assumiu para si uma tarefa fundamental de grandes proporções, cujos conteúdos perpassam e alinham o conjunto de realizações…

“Criar um ambiente próprio para a obra nova, para a formação de uma mentalidade nova e destruir preconceitos e valores doutrinários, acadêmicos e superficiais, está em nosso plano, pois pela arte é que se reconhece o grau de cultura de um país.” [RJ, 20/12/1944]

As falas e escritos de Koellreutter são testemunhas parciais desse esforço sistemático em apreender o sentido mais autêntico e atual da realidade contemporânea, dessa realidade "nova" de cada dia.

De maneira geral, eles refletem as duas frentes de ação que aplicou à sua música e ao trabalho formador que desenvolveu por mais de meio século: por um lado modificar as coisas do mundo (no qual cada individuo é convidado a legar a sua melhor contribuição), por outro lado estar em medida de transformar a sua própria visão desse mesmo mundo. Esse foi o binômio ao qual dedicou a sua existência, apostando com convicção no novo, na juventude, na vida, no movimento, na criação, lembrando sempre que... ideias são mais fortes do que preconceitos.[3]


Notas

[1] Temos em mente aqui a palestra “A responsabilidade do interprete”, de 1939, por exemplo.

[2] Palestra proferida durante o “I Simpósio Internacional de Compositores”, ocorrido em São Bernardo do Campo, de 4 a 10 de outubro de 1977 e transcrita na revista Cadernos de Estudo: Educação Musical, nº 6, 1996.

[3] Manifesto Música Viva 1944.

Cronologia

02.set.1915 – Nasce em Freiburg, na Alemanha.

1934 a 1936 – Estuda composição na Academia Superior de Música de Berlim e flauta no Conservatório de Música de Genebra, na Suíça.

1935 – Cria o "Círculo de Trabalho para a Nova Música", um grupo contra o nazismo e sua política cultural, o que lhe rende perseguições.

16.nov.1937 – Muda-se para o Rio de Janeiro, fugindo do nazismo, após denúncia de que estaria noivo de uma judia, feita por parentes à Gestapo.

1938 – Começa a lecionar no Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro.

1939 – Cria com Egídio de Castro e Silva o grupo Música Viva, que assume o dodecafonismo como uma nova técnica de compor. Desempregado e sem pátria, trabalha na gravação de música em chapas de chumbo em uma editora de origem alemã, o que lhe intoxica gravemente.

1940 – É editada por um ano a revista "Música Viva".

1940 – É nomeado membro do Instituto Interamericano de Musicologia, de Montevidéu.

1942 – Funda o Quinteto Instrumental de São Paulo. Fica preso por três meses em São Paulo, suspeito de espionagem.

1944 – Em maio é lançado o "Primeiro Manifesto" pelo grupo Música Viva. No mesmo mês, torna-se apresentador de uma série de programas na Rádio MEC sobre música contemporânea e o grupo Música Viva.

1944 – É convidado pelo maestro húngaro Szenkar, criador da Orquestra Sinfônica Brasileira, a ser primeiro flautista e um dos fundadores da orquestra.

1946 – É lançada a "declaração de princípios" do movimento Música Viva conhecido como "10Manifesto 46". Leciona no Instituto Musical de São Paulo.

1948 – Naturaliza-se brasileiro.

1948 – Atua como diretor do Primeiro Curso Internacional de Composição Dodecafônica em Milão (Itália).

1949 – Dirige o concerto inaugural do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

nov.1950 – Compositor Camargo Guarnieri publica crítica ao dodecafonismo na "Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil".

1952 – Funda a Escola Livre de Música de São Paulo, da qual assume o cargo de diretor até 1958.

1954 – Cria a Escola de Música da Bahia, onde também trabalha como diretor até 1962.

1960 – Lança seu primeiro livro, "Jazz Harmonia".

1962 – Muda-se para Berlim como artista residente, graças à bolsa que recebe da Fundação Ford.

1963 – Chefia o departamento de programação internacional do Instituto Goethe, em Munique, República Federal da Alemanha.

1964 – Recebe o título honoris causa da UFBA (Universidade Federal da Bahia). Dirige o Instituto Cultural da RFA em Nova Délhi, na Índia, além de representar o Instituto Goethe na Índia e no Ceilão (atual Sri Lanka).

1966 – Funda a Escola de Música de Nova Délhi, da qual se torna diretor.

1969 – Muda-se para o Japão como diretor do Instituto Cultural da RFA em Tóquio e representante do Instituto Goethe no Japão e na Coréia do Sul.

1975 – Regressa ao Brasil como diretor do Instituto Cultural Brasil-Alemanha e volta a lecionar música em diferentes instituições.

1981 – Recebe o título de cidadão honorário carioca.

20.mai.1983 – É empossado diretor do Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, de Tatuí (SP).

31.mai.1987 – É lançado, no MASP, o primeiro LP brasileiro registrando as obras compostas pelo artista desde 1941.

26.jun.1987 – Recebe a Medalha de Honra da Inconfidência do governo de Minas Gerais.

1987 – Recebe a Medalha do Mérito da Universidade de São Paulo e passa a ser professor visitante do Instituto de Estudos Avançados (IEA), da USP.

1992 – Recebe o Prêmio Régio da Indústria da Comunidade Europeia..

23 a 30.nov.1995 – É homenageado pela 11ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea

13.set.1996 – Estreia "Café", ópera com libreto de Mário de Andrade, em Santos (SP).

1997 – Recebe o Prêmio Ministério da Educação na categoria música.

2000 - É homenageado, juntamente com Haroldo de Campos e Tomie Ohtake, na Fundação Japão

11.set.2000 – É homenageado no MIS com concerto e lançamento de CDs e de dois vídeos: "Concertos Comentados" e "Koellreuter: A Música Transparente".

21.dez.2000 – É recebido como membro honorário da Academia Brasileira de Música.

2001 – São lançados dois livros sobre a obra de Koellreutter: "Música Viva e H.J. Koellreutter", de Carlos Kater, e "Koellreuter educador", de Teca Alencar de Brito.

13.set.2005 – Koellreutter morre aos 90 anos em São Paulo, após uma parada cardíaca.

2006 – É criada a Fundação Koellreutter, instituição ligada à Universidade Federal de São João del-Rei responsável pelo seu acervo.

2015 – Por ocasião do seu centenário é homenageado na Bienal de Música Contemporânea da Funarte e em eventos em São Paulo e Rio de Janeiro.

Livros Publicados

Harmonia Funcional (Jazz Harmonia), 1962.

Terminologia para uma Nova Estética da Música, 1989.

Estética – À procura de um mundo sem vis-à-vis, 1983.

[publicado no Brasil e no Japão]

Contraponto Modal do séc. XVI, 1992.

Referências

BRITO, Teca Alencar de. Koellreutter Educador: o humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001.

KATER, C. “Hans-Joachim Koellreutter’s Musica Viva”, in: Review Literature and Arts of the Américas (Routledge/The Americas Society), nº73 (Vol.39, nº2), Nov. 2006, p.289-294.

_______. Música Viva e Koellreutter, movimentos em direção a modernidade. SP: Musa, 2001.

_______. Catálogo de Obras de H.J.Koellreutter. (Texto, catálogo e comentários). BH: FEA (Fundação de Educação Artística) / FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais), 1997.

_______. “H.J.Koellreutter: música e educação em movimento”, in: Cadernos de Estudo:Educação Musi­cal, nº6. SP/BH: Atravez/EMUFMG/FEA, 1997, p.6-25.

_______. “Encontro com H.J.Koellreutter”, entrevista realizada, transcrita e publicada em: Cadernos de Estudo:Educação Musi­cal, nº6 (SP/BH: Atravez/ EM-UFMG, Fev/1997, p.131-144);

______. “As Composições” (de Koellreutter) - Comentários analíticos das obras Mu Dai, Dharma, Cantos de Kulka e Ácronon, in: Koellreutter Plural [CD] (SP: Centro Experimental de Música do SESC, 1995, p.12-21, encarte do disco);

_______. “Música Viva em transmissões radiofônicas pela PRA-2”, in: Anais do VII Encontro Nacio­nal da ANPPOM-Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música. (ECA/USP, 29/08-02/09/1994). SP: USP, 1996, p.56-57.

_______. “O Programa Radiofônico Música Viva”, in: Cadernos de Estudo:Educação Musi­cal, nº4/5. SP/BH: Atravez/EMUFMG, 1994, p.60-85.

_______. “H.J.Koellreutter” (Dossiê), in: Cadernos de Estudo:Aná­lise Musical, nº5 (SP: Atravez, 1992/3, p.121-124)

_______. “Aspectos Educacionais do Movimento Música Viva”, in: Revista da ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical), nº1, Ano 1 (Sl: ABEM, Maio/1992, p.22-34)

TOURINHO, Irene. Encontros com Koellreutter: sobre suas histórias e seus mundos. In: Estudos Avançados 13 (55), São Paulo: USP, 1999.

About Koellreutter

 

Carlos Kater 

"I learn with the student what to teach. My basic precepts are three: 1) there are no absolute, only relative values; 2) wrong doesn’t exist in art; the important thing is to invent the new; 3) don’t believe in anything a teacher says; in anything you read a and in anything you think; Always ask why."

Hans-Joachim Koellreutter is undoubtly one of the most proeminent characters in the history of brazilian music and music education in the 20th century. His name is closely connected to new music and the aesthetic, scientific and phylosophical issues of his time. He was responsible for several remarkable initiatives in our musical and cultural lives for over half a century (notably from 1939 to 2000).

Koellreutter
 

Among his many contributions, we can briefly mention:

  • Creator and director of the “Música Viva” Brazilian moviment (1939-50), introducing in our country the atonalism and twelve-tone technique, considered the new music of the time;

  • Starter of the “Second phase of the Brazilian musical modernism”, responsible for the formation of a new composition school;

  • Creator and diretor of the first radio program specially dedicated to music in Brazil (program “Musica Viva”, PRA-2, Radio Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro);

  • Founder of several important schools: Escola Livre de Música de São Paulo and the Escola de Musica da Bahia; among them (which became the Escola de Música e Artes Cênicas of UFBA);

  • Creator of the Summer courses in Brasil (Teresópolis/RJ, Janeiro de 1950);

A German natural, born in Freiburg on September 2nd, 1915, son of Emma Maria and the medical doctor Wilhelm Heinrich, a composition student of Paul Hindemith, a flute student of Gustav Scheck and Marcel Moise and a pupil of Hermann Scherchen, Koellreutter landed in Rio de Janeiro on December 16, 1937 where he was exiled after being reported to the Nazi Gestapo by his own family.

Already in 1938, he realized in the Conservatório Mineiro de Música his first flute recital and gave his first course. He created, similarly to Hermann Scherchen’s movement in Europe, the brazilian “Música Viva, in 1939 in Rio de Janeiro, and in 1944 in São Paulo. He was a contemporary of Stravinsky, Copland, Dalapiccolla, Eisler, Nono, Maderna, Stockhausen and also Lorenzo Fernândez, Villa-Lobos, Arnaldo Estrella, Camargo Guarnieri and... Mário de Andrade.

Since a very yourng age, in his first lectures in Brazil, Koellreutter expressed the importance of the artist’s visceral commitment to the problems and issues of his time and the fundamental role of the creative musician on the transformation of society, principles he sustained throughout his life. [1]

 

The personal charisma, the effort in searching the new and the meticulous thought, were some of the characteristics whose traits are perceived initially in the Música Viva movement and that transpasses to his following initiatives in Brazil (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Tatuí, etc.), and abroad (Bombaim, India and Tokyo, Japan, for instance).

Some of his goals were:

“...to awaken the interest in the problems of expression and interpretation of the musical language of our time. /.../ “...to participate actively in the evolution of the spirit and fight the complete lack of interest by part of the public and part of the professionals in the music that reigns among us.”  [RJ, 20/12/1944]

One of the most instigating musical educators of the 20th century, he became known as the “Music Teacher of Brazil” for the immense number of students and people that attended his courses and lectures.

 

Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Fortaleza... Actuallly, in virtually all capitals of the country, we find amateur and professional musicians or music enthusiasts who were profoundly stimulated by his ideas and thus restructured decisevely their relation with art, through the division line “before and after Koellreutter”.

 

Some of his most representative students in the national musical scene of decades and generations are: Guerra-Peixe, Cláudio Santoro, Edino Krieger, Eunice Katunda (who integrated the “Group of composers Música Viva”), Roberto Schnorrenberg, Damiano Cozzella, Benito Juarez, Esther Scliar, Tom Jobim, Tom Zé, Isaac Karabtchevsky, Gaia, Moacir Santos, Severino Araújo, as well as a more recente generation, Tim Rescala, Tato Taborda, Sérgio Villafranca, Teca Alencar, Chico Mello, Regina Porto, Rogério Vasconcelos, Rubner de Abreu, Nelson Salomé, Emanuel Pimenta, Antônio Carlos Cunha, among several others.

 

With his clear, direct and incisive manner, Koellreutter afirms critically in his text O ensino da música num mundo modificado [2]:

“The music degrees in the universities, that are aimed towards professional activities, for which there is no professional market, are a waste, vain, useless.”

“The risk, the experiment, the denial of inveterate and expired rules are essential elements of the artistic activity. The past is means and resource, by any chance, an obligation. The future, however, is.”

 

As Architect of the human spirit, he assumed for himself the enormous and fundamental task, whose contents surpass and align his accomplishments.

 

“To create a suitable environment for the new work, for the formation of a new mentality and to destroy prejudice and doctrinary, academic and superficial values, are in our plan, for through art we recognize the level of culture of a country.”  [RJ, 20/12/1944]

 

The talks and writings of Koellreutter are partial witnesses of this systematic effort in apreehend the most authentic and updated sense of reality, this “new” reality of each day.

In general, they reflect two lines of action aplied to his music and the education work he developed for over half a century: on one side, to modify things in the world (where each individual is invited to leave his contribution and his best legacy), on the other side, to be able to transform one’s own view of this same world. This was the binomial to which he dedicated his existence, believing with conviction in the new, in youth, in life, in movement, in creation, always remembering that... ideas are stronger than prejudices.[3]


Notes

[1] We have in mind here the lecture “A responsabilidade do interprete” (The responsability of the interpreteur), from 1939, for instance.

[2] Lecture given during the “I Simpósio Internacional de Compositores”, in São Bernardo do Campo, from October 4th to 10th, 1977 and transcribed in the jornal Cadernos de Estudo: Educação Musical, nº 6, 1996, p.37-42.

[3] Música Viva Manifest,1944.

Chronology

Sept.2nd.1915 – HJK is born in Freiburg, Germany

1934 to 1936 – He studies composition in the Superior Music Academy in Berlin and flute in the Geneva Conservatory of Music, Switzerland

1935 – Creates the "Circle of work for new music”, a group against nazism and its cultural politics, and is persecuted for that

Nov.16.1937 – Moves to Rio de Janeiro, fleeing from Nazism, after his family reports to gestapo, he was engaged to a jewish woman

1938 – Starts teaching at the Conservatório Brasileiro de Música in Rio de Janeiro

1939 – Creates with Egídio de Castro e Silva the group Música Viva, which adopts the dodecaphonic (12 tone technique) as a new composition technique. Unemployed and without a home-country, he works in a germam publishing company, recording music in plumb sheets, that seriously intoxicate him

1940 – The magazine "Música Viva" is edited and published for one year

1940 – Nominated member of the Instituto Interamericano de Musicologia, in Montevidéu

1942 – Starts the Quinteto Instrumental of São Paulo. Gets arrested for 3 months in São Paulo, accused of espionage

1944 – In may the "Primeiro Manifesto" is released by the group Música Viva. In the same month, he becomes the host of a series of programs in MEC Radio about new music and the group Música Viva

1944 – Invited by the Hungarian Szenkar, creator of the Orquestra Sinfônica Brasileira, to be the first flutist and one of the founders of the

1946 – The "declaração de princípios" (declaration of principles) of the movement Música Viva known as "10Manifesto 46" is released. Teaches at Instituto Musical de São Paulo

1948 – Becomes a Brazilian Citizen

1948 – Participates as Director of Primeiro Curso Internacional de Composição Dodecafônica (First International 12-tone Composition course) in Milan (Italy)

1949 – Conducts the inaugural concert of the Museum of Modern Art of São Paulo.

nov.1950 – Composer Camargo Guarnieri publishes a critique of dodecaphonism (12-tone technique) in "Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil" (Open letter to the musicians and critics of Brazil)

1952 – Inaugurates the Escola Livre de Música in São Paulo, which he directs until 1958

1954 – Creates the Escola de Música of Bahia, which he also directs until 1962

1960 – Releases his first book "Jazz Harmonia"

1962 – Moves to Berlin as a resident artist, due to a scholarship he receives from the Ford Foundation

1963 – Runs the department of international programming of the Goethe Institute in Munich, Federal Republic of Germany

1964 – Receives the honoris causa of UFBA (Universidade Federal da Bahia). Runs the Cultural Institute of New Delhi, India, and also representes the Goethe Institute in India and in Ceylon (presently Sri Lanka)

1966 – Starts the Music School of New Delhi, which he directs

1969 – Moves to Japan as director of the RFA cultural institute in Tokyo and represents the Goethe Institute in Japan and South Korea

1975 – Returns to Brazil as diretor of the Cultural Institute Brazil-Germany and restart teaching in deferente institutions

1981 – Receives the title of honorary citizen carioca, (of the city of Rio de Janeiro)

May.20th.1983 – Assumes the position of diretor of the Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, in Tatuí (SP)

May.31th.1987 – The first Brazilian LP with recordings of his compositions since 1941 is released in MASP (Museum of Art of São Paulo)

Jun.26th.1987 – Receives the Medal of Honor of Inconfidência from the Government of Minas Gerais

1987 – Receives the Medal of Merit from the University of São Paulo and becomes a visiting professor in the Institute of advanced studies (IEA), at USP

1992 – Receives the Prêmio Régio of the Industry of the European Comunity

Nov.23rd to 30th.1995 – Receives hommage by the 11ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea

Sept.13.1996 – Premiere of "Café", an opera with a libreto by Mário de Andrade, in Santos (SP)

1997 – Receives the Prize Ministério da Educação in the music category

2000 – Receives hommage, together with Haroldo de Campos and Tomie Ohtake, in the Japan Foundation

11.set.2000 – Receives hommage at MIS with a concert and release of CDs and two vídeos: "Concertos Comentados" and "Koellreuter: A Música Transparente"

21.dez.2000 – Becomed an honorary member of Academia Brasileira de Música

2001 – Two books about Koellreutter’s work are released: "Música Viva e H.J. Koellreutter", by Carlos Kater, and "Koellreuter educador", by Teca Alencar de Brito

Set.13th.2005 – Koellreutter passes away at 90 years old, in São Paulo, after a cardiac arrest

2006 – The Koellreutter foundation is inaugurated, and linked to the Universidade Federal de São João del-Rei which is responsible of his archives

2015 – For his centenary he receives hommage in Funarte’s Bienal de Música Contemporânea and in events in São Paulo and Rio de Janeiro

Books Published

Harmonia Funcional (Jazz Harmonia), 1962.

Terminologia para uma Nova Estética da Música, 1989.

Estética – À procura de um mundo sem vis-à-vis, 1983. [publicado no Brasil e no Japão]

Contraponto Modal do séc. XVI, 1992.

Sources

BRITO, Teca Alencar de. Koellreutter Educador: o humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001.

KATER, C. “Hans-Joachim Koellreutter’s Musica Viva”, in: Review Literature and Arts of the Américas (Routledge/The Americas Society), nº73 (Vol.39, nº2), Nov. 2006, p.289-294.

_______. Música Viva e Koellreutter, movimentos em direção a modernidade. SP: Musa, 2001.

_______. Catálogo de Obras de H.J.Koellreutter. (Texto, catálogo e comentários). BH: FEA (Fundação de Educação Artística) / FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais), 1997.

_______. “H.J.Koellreutter: música e educação em movimento”, in: Cadernos de Estudo:Educação Musi­cal, nº6. SP/BH: Atravez/EMUFMG/FEA, 1997, p.6-25.

_______. “Encontro com H.J.Koellreutter”, entrevista realizada, transcrita e publicada em: Cadernos de Estudo:Educação Musi­cal, nº6 (SP/BH: Atravez/ EM-UFMG, Fev/1997, p.131-144);

_______. “As Composições” (de Koellreutter) - Comentários analíticos das obras Mu Dai, Dharma, Cantos de Kulka e Ácronon, in: Koellreutter Plural [CD] (SP: Centro Experimental de Música do SESC, 1995, p.12-21, encarte do disco);

_______. “Música Viva em transmissões radiofônicas pela PRA-2”, in: Anais do VII Encontro Nacio­nal da ANPPOM-Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música. (ECA/USP, 29/08-02/09/1994). SP: USP, 1996, p.56-57.

_______. “O Programa Radiofônico Música Viva”, in: Cadernos de Estudo:Educação Musi­cal, nº4/5. SP/BH: Atravez/EMUFMG, 1994, p.60-85.

_______. “H.J.Koellreutter” (Dossiê), in: Cadernos de Estudo:Aná­lise Musical, nº5 (SP: Atravez, 1992/3, p.121-124)

_______. “Aspectos Educacionais do Movimento Música Viva”, in: Revista da ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical), nº1, Ano 1 (Sl: ABEM, Maio/1992, p.22-34)

TOURINHO, Irene. Encontros com Koellreutter: sobre suas histórias e seus mundos. In: Estudos Avançados 13 (55), São Paulo: USP, 1999.

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